Pablo Yactayo explora de forma muito particular a temática dos símbolos ancestrais andinos, reinterpretados a luz da contemporaneidade. A escultura realizada para o Simpósio representa uma leitura específica desse artista sobre o batán, uma espécie de moedor de grãos feito com duas peças de pedra, utilizado desde tempos remotos pelos povos andinos, incluso até o presente. A escultura Pedras ancestrais andinas compõe-se de duas estruturas sobrepostas, à semelhança da
estrutura original do utensílio, com uma configuração estilizada, geometrizada, e incrustada com símbolos arcaicos importantes. Entre eles a Chakana, uma espécie de “cruz andina”, símbolo milenar de várias culturas pré-incas, e o Cruzeiro do Sul. Esta obra, como outras de Pablo Yactayo, demonstra a possibilidade de se realizar uma obra contemporânea sem afastar-se da identidade cultural do autor. Ao se apreciar este trabalho também podemos sentir o silêncio do respeito imanente aos
sítios arqueológicos do Altiplano.
Surpreende ver como a ancestralidade e a herança cultural ecoa neste trabalho, mas nem por isso fica-se restrito a reprodução e a repetição. E esta terra a qual se referencia é transformada em alavanca, mola propulsora de uma composição de planos e formas que parecem indicar ora um design industrial, ora uma arquitetura
onde a tradição e o futuro se misturam. Seu trabalho nos desconcerta, não sabendo quando ou onde estamos quando vemos a sua obra. A certeza que desprende é que é indígena, americana e escultórica.
Altura 170cm, 220 X 105cm, peso 11.000kg.
III Simpósio Internacional de Escultores.