Berimbau
Escultor › Remigio D'Avilla, 2014, Espanha

Compõe esculturas em forma de instrumentos musicais com o objetivo de aproximar-se, interpretar, distintas identidades culturais.

No instrumento brasileiro Berimbau – no qual se 
baseia a presente obra homônima – chamou a sua atenção a parte do porongo, cujo objeto em seu país é utilizado para carregar água e que no Brasil se usa como caixa ressonância, no caso desse instrumento. Sua habilidade consiste em passar essa imagem a grandes dimensões sem perder a sutil sensibilidade do instrumento original.

A forma que amplia a 
peça nos leva a pensar em sua bagagem de atitudes para interpretar a pedra. Entre estes dois mundos, a tradição da antiga Europa e a força da cultura popular brasileira, Remigio Davila corta, desbasta a pedra e a faz dialogar com o aço. Ele busca na representação desse icônico instrumento da capoeira,   marcador do compasso desse misto de dança e luta, as reminiscências da moringa e do bastão, companheiros da caminhada dos peregrinos de Santiago de Compostela. Existe a representação do objeto, mas o artista propõe ir além, convida ao devaneio, ao sonho das formas e materiais.

A rocha 
compacta passa a ser portadora de ressonâncias, o arco tenciona o cabo, que, assim como o som que libera, aponta caminhos e direções. Quando observamos essa escultura e o artista, nos vem à memória o poema de León Felipe sobre o cavaleiro da triste figura,

"(…) Quantas veces, Don Quijote, por esa misma llanura, en horas de desaliento así te miro pasar! Y quantas veces te grito: Hazme un sitio en tu montura y llevame a tu lugar (…) ponme a la grupa contigo caballero del honor ponme a la grupa contigo y llevame a ser contigo pastor"

Basalto e aço inox,  altura 660cm, 780 X 180cm, peso 7.000kg.  

III Simpósio Internacional de Escultores.